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sábado, 21 de outubro de 2023

O Integralismo recusa desviar-se para a direita ou para a esquerda (1933)

 

O Integralismo recusa desviar-se para a direita ou para a esquerda (1933)*

GUSTAVO BARROSO

O Integralismo é congregação de energias, de forças criadoras, de valores positivos, de fatores de civilização, de sentimentos nacionais, de sacrifícios pessoais; de atividades definidas, de elementos morais e sociais; é a negação e o combate às doutrinas unilaterais; é a recusa de desviar-se para a Direita ou para a Esquerda e o imperativo categórico de caminhar para a Frente, de olhar para a Frente.

Σ

Somos a palavra e a ação dum Brasil novo que se levanta, desperto do torpor da politicagem, resolvido a caminhar para a Frente no sentido de suas próprias forças criadoras, desprezando as teorias mortas da Direita e não prestando ouvidos às tentações das teorias falsas da Esquerda.

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BARROSO, Gustavo. O Integralismo de Norte a Sul. 1ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935; p. 69 e 75.

* O Título dado as duas citações de Gustavo Barroso é de responsabilidade do Editor do Blog.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Comunismo e INTEGRALISMO

Gustavo Barroso

I

1.° O comunismo destrói a Família para que o indivíduo isolado e sem responsabilidades próprias se torne um instrumento nas mãos do Estado, única entidade que lhe pode impor deveres. Bastando-lhe tratar de si, suas necessidades e suas aspirações serão limitadas.

2.° O Comunismo destrói as Religiões, que denomina ópio dos povos para que, sem fé, o homem se subordine tão somente a seus instintos, perdendo a liberdade moral e escravizando-se ao ateísmo do Estado, que é o pior dos fanatismos.

3.° O Comunismo destrói a Propriedade e passa toda a Propriedade para o Estado que se torna o único capitalista e o único patrão, a fim de mais ainda oprimir o trabalhador; pois se no regime capitalista, com inúmeros patrões, a opressão é forte, será incomparável, com um único patrão discricionário e sem personalidade humana.

4.° O comunismo destrói as Pátrias, tornando todos os países colônias subordinadas aos interesses duma minoria de especialistas financeiros. (...), garantidos no poder pelos Exércitos Vermelhos, enquanto os trabalhadores do mundo inteiro não passarão de escravos.

5.° O Comunismo destrói todas as manifestações superiores da Inteligência, porque tudo reduz aos interesses materiais, subordinando as artes à propaganda política.

6.° O Comunismo destrói todas as forças morais e intelectuais, porque as deixa de fora do Estado, como faz o liberalismo, de modo que elas se desenvolvem sem disciplina e orientação, produzindo crises e ele é obrigado a esmagá-las para não perecer. Torna-se, assim, a maior das tiranias.

II

1.º O Integralismo mantém a Família, porque o homem precisa de afetos, ama o seu sangue e, na hora da dor, encontra nos entes queridos um consolo que nenhum governo pode dar.

2.º O Integralismo mantém as Religiões, sem sectarismo, e afirma Deus, porque não quer acabar com a liberdade moral do homem e deixá-lo presa tão só dos instintos, transformado em fera.

3.º O Integralismo mantém a Propriedade, porque todos trabalham não só para comer, mas também com o fito de possuir alguma coisa. O Integralismo defende a Propriedade, tanto contra o roubo habilidoso dos grandes capitalistas quanto contra o roubo a mão armada dos tiranos comunistas.

4.º O Integralismo mantém as Pátrias, porque elas são realidade que a diversidade dos climas, das línguas, das tradições, dos costumes e das aspirações indica, como também são necessárias ao governo do mundo.

5.º O Integralismo mantém e estimula todas as manifestações superiores da Inteligência, porque nem só de pão vive o homem e suas aspirações artísticas devem ser norteadas como grandes realidades humanas.

6.º O Integralismo mantém sob o domínio da Inteligência e da Moral todas as forças nacionais, fiscalizando-as e dirigindo-as, a fim de evitar lutas estéreis e injustiças, na medida das possibilidades humanas, garantindo a liberdade a todos. Liberdade, não licença.


(Gustavo Barroso – “O que o Integralista deve saber” – 2ª edição – Rio de Janeiro – Civilização Brasileira – págs. 85, 86 e 87)

FONTE: http://integralismo.blogspot.com.br/2008/02/comunismo-e-integralismo_25.html 

domingo, 15 de dezembro de 2013

O INTEGRALISMO

Gustavo Barroso

Gustavo Barroso

O Integralismo não é um partido político, nem de modo algum deve ser confundido com qualquer partido político. Os partidos representam interesses parciais dum grupo de eleitores organizados à sombra dum programa destinado à duração dos mandatos daqueles que elege. O Integralismo põe o interesse da Nação acima de todos os interesses parciais ou partidários e se guia por uma doutrina, não por umprograma.

Programa é um projeto ou resolução daquilo que se pretende fazer em um tempo determinadoDoutrina é um conjunto de princípios filosóficos, morais e científicos no qual se baseia um sistema político por tempo indeterminado. A diferença é essencial. Uma doutrina dá origem à incalculável número de programas. Um programa não produz nenhuma doutrina.

- Se não é partido, que é, então, o Integralismo? – perguntarão todos quantos se viciaram em compreender a política como simples jogo e manejo de partidos.

O Integralismo é uma Ação Social, um Movimento de Renovação Nacional em todos os pontos e em todos os sentidos. Prega uma doutrina de renovação política, econômica, financeira, cultural e moral. Prega essa doutrina, completa-a e a amplifica constantemente com seus estudos, e prepara os homens capazes de executar as medidas dela decorrentes. Abrange, nos seus postulados, indagações e finalidades, todas as atividades nacionais. Bate-se, não por um programa partidário regional ou local, - autonomista, evolucionista, constitucionalista, partido republicano mineiro, partido republicano paulista, partido democrático, etc.; mas pela construção duma Grande Pátria dentro duma doutrina que contenha princípios definidos desde as concepções do Mundo e do Homem até às dos fatores materiais econômicos.

Isto é uma Política, da qual decorre uma administração. Os partidos somente são capazes de chegar até um programa de administração. O Integralismo constrói uma Doutrina Política, em consequência da qual poderá formular inúmeros programas de administração.

Por isso, o Integralismo não compreende e não quer o Brasil partido, dividido: dum lado, o povo alistado em dezenas e mesmo centenas departidos, votando em milhares de legendas que subpartem os partidos, sempre contrário ao governo, como se este fosse seu pior inimigo; dum lado, o povo iludido pelos politiqueiros, contrapondo-se ao Estado que o esfola com os impostos; do outro, esse Estado manobrado pelo partido que dele se apoderou por meio do voto, oscilando ao sabor das forças paralelas a ele – corrilhos eleitorais ou financeiros, etc., tornado meio de satisfazer apetites, quando deve ser um fim para satisfazer o bem público; mas compreende e quer o Brasil - Unido, isto é, o Brasil - Integral, com o Estado e a Nação confundidos num todo indissolúvel.

O Estado não deve ser somente o governo, a administração dum país. A Nação não deve ser somente a comunidade dos indivíduos unidos pela origem, pela raça, pela língua ou pela religião sob o mesmo regime político. A Nação e o Estado devem integrar-se num corpo só, na mesma associação de interesses e de sentimentos, confundindo-se na mesma identidade e para os mesmo fins.

Na Doutrina Integralista, a Pátria Brasileira deve ser uma síntese do Estado e da Nação, organizada sobre a base corporativa. A sociedade humana não vale somente pelo que apresenta aos nossos olhos; vale muito mais ainda pelo que nela existe e não conseguimos ver, isto é, as forças ocultas do seu Passado e do seu Espírito. Os homens prendem-se ao Passado através de seus ascendentes, cujas características essenciais herdam, cujas conquistas morais, intelectuais, técnicas e materiais lhes são transmitidas como um verdadeiro patrimônio. Essa herança é a civilização e nela as gerações que se sucedem são solidárias.

Compostas de homens, as Nações ligam-se ao passado pelas suas tradições de toda a espécie. Enraizada nelas é que a Pátria Brasileira deve florescer no Presente para frutificar no Futuro.

O regime corporativo une os sindicatos de trabalhadores, de técnicos e de patrões, coordena seus esforços e transforma-os de organismos políticos de luta em organismos políticos, sociais, econômicos, morais, educativos, de equilíbrio e de cooperação.

A fim de realizar o que pretende, o Integralismo não apela, como os extremistas, para a brusca subversão da ordem social e conseqüente inversão de todos os seus valores, para os atos de banditismo, vandalismo ou terrorismo, para bombas de dinamite e atentados pessoais, para sabotagens e greves que ainda mais precária tornam a situação do pobre operário; mas para o valor do próprio homem, sua dignidade de ser pensante, suas virtudes patrióticas, suas reservas morais, sua tradição religiosa e familiar, seu amor pelo Brasil, sua crença em Deus!

Querendo a grandeza da Pátria Brasileira, o Integralismo por ela se bate em todos os sentidos. Essa grandeza somente pode alicerçar-se na alma das massas trabalhadoras de todo o país, libertadas ao mesmo tempo da exploração econômica do capitalismo sem pátria e da exploração política dos caçadores de votos ou dos extremistas fingidos, que falam em nome de operários e camponeses sem serem nem operários, nem camponeses.

Pelo Integralismo, a grandeza da Pátria Brasileira se fará pela renúncia dos interesses pessoais em favor dos interesses nacionais, a pureza dos costumes públicos e privados, a simplicidade da vida, a modéstia do proceder, a integridade da família, o respeito à tradição, a garantia do trabalho, o direito de propriedade com seus deveres correlatos, o governo com autoridade moral e mental, a unidade intangível da Nação e as supremas aspirações do espírito humano.

Integralismo quer dizer soma, reunião, integralização de esforços, de sentimentos, de pensamentos, ao mesmo tempo de interesses e de ideais. Não pode ser um simples partido. É coisa muito mais elevada. É um movimento, uma ação, uma atitude, um despertar de consciências, um sentido novo da vida, a marcha de um povo que desperta!

Batendo-se pela felicidade do Brasil dentro das linhas de seus grandes destinos, condicionadas pelas suas realidades de toda a ordem, o Integralismo quer que o pensamento dos brasileiros não se divida e enfraqueça na confusão de doutrinas ou programas; quer que se una e some ao influxo de uma mesma doutrina político-social. Porque essa base doutrinária é imprescindível para a construção do ESTADO INTEGRAL BRASILEIRO, ESTADO HERÓICO pela sua capacidade de reação e de sacrifício, ESTADO FORTE pela sua coesão, sem fermentos desagregadores dentro de si, no qual, como fator indispensável de independência, se tenha processado a emancipação econômica e, como condição principal da unidade da Nação, tenham desaparecido as fronteiras interestaduais.

Para a realização de tão grande obra política, econômica e social, o Integralismo tem de combater sem tréguas e sem piedade toda a repelente imoralidade do atual regime de fraudes, enganos, corrupção e promessas vãs, bem como todo o materialismo dissolvente da barbárie comunista que alguns loucos apontam como salvação para nosso país. O atual regime pseudo-liberal e pseudodemocrático é um espelho da decadência a que chegou o liberalismo, que procurou dividir a nação com regionalismos e separatismos estreitos, implantando ódios entre irmãos, atirados às trincheiras da guerra civil; com partidos políticos transitórios que sobrepõem as ambições pessoais aos mais altos interesses da Pátria e pescam votos, favorecendo os eleitores com um imediatismo inconsciente, em que tudo concedem ou vendem, contanto que atinjam as posições.

Esse regime fraco e vergonhoso escravizou o nosso Brasil, o pouco capital dos brasileiros e o trabalho das nossas populações abandonadas ao banqueiro internacional por um criminoso sistema de pesados, aladroados e sucessivos empréstimos externos, cuja funesta e primeira consequência é o esfolamento pelos impostos.

O comunismo que agitadores estrangeiros, aliados a brasileiros vendidos ou inconscientes, inimigos da Pátria, nos prometem, quer a destruição das pátrias, da propriedade e da família, a proletarização das massas e a materialização do homem em todos os sentidos. Tirando ao indivíduo suas crenças e tradições, sua vida espiritual e sua esperança em Deus, sua família – que é sua projeção no Tempo -, e sua propriedade – que é sua projeção no Espaço -, arranca-lhe as forças de reação, todos os seus sentimentos, deixa somente a fera humana e prepara-o, assim, para definitiva escravização ao capitalismo internacional disfarçado em capitalismo de Estado.

O Povo Brasileiro debate-se em verdadeira angústia econômica e anseia por novo padrão de vida; debate-se numa completa desorganização de sua existência pública e almeja nova forma de justiça social; debate-se em formidável anarquia de valores e na incultura geral, e precisa formar sem detença homens escolhidos que possam resolver os grandes e graves problemas da Nação.

Urge a transferência completa do Brasil para salvá-lo, novo conceito de vida, novo regime, novo quadro de valores. Essa transformação completa, integral da Sociedade Brasileira fatalmente terá de ser o resultado duma transformação completa, integral da Alma Brasileira no sentido do rigoroso cumprimento de todos os deveres para com a Família, para com a Pátria e para com Deus.

A lição de Jacques Maritain manda a Razão submeter-se a Deus, que é Espírito, e à Ordem Espiritual por Ele instituída.

Só uma Revolução Moral pode produzir uma grande, digna e benéfica Revolução Social. Porque esta é projeção daquela. Por isso, a Doutrina Integralista afirma que a primeira revolução do Integralismo é a Revolução Interior.

(Transcrito das págs. 9 até 16 de “O que o Integralista deve saber”. 1ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935, 214 págs.)


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

CARTA À MOCIDADE BRASILEIRA



Gustavo Barroso.

Moços do meu Brasil,

O crepúsculo que Barbusse previu logo depois da grande guerra alastra pelo mundo as suas sombras tristes. O liberalismo impotente e hipócrita agoniza. O credo comunista cria duas humanidades, declarando que nem a morte apaga o antagonismo entre o operário e o burguês. Mais horrendo que o fantasma das discórdias civis, se ergue o espectro da guerra das classes. Ao embate das contradições, o nosso país corre para o naufrágio. Só a mocidade, que é o futuro, lhe resta como tábua de salvação, somente ela é capaz de renová-lo, como, ao som da Giovinezza, reformou a Itália, consertou Portugal e redimiu a Alemanha.

Do alto das serranias do meu pátrio Ceará, quando o sol inclemente das secas combure os esqueletos das caatingas e todo o sertão imenso se alonga nu e preto, as copas verdes dos juazeiros úteis e heroicos, cuja sombra abriga a rês sequiosa e o vaqueiro emagrecido, cuja rama e cujo fruto alimentam o gado e o retirante, pontilham a desolação. Quanto mais a estiagem se prolonga, quanto mais a canícula dos longos dias de estio calcina a terra infeliz, e mais cresce a solidão, e mais aumenta a agonia, mais viçoso, mais belo, mais senhoril e mais verde pompeia o juazeiro, como um estandarte de Esperança!

Sede como o juazeiro, moços do Brasil! Sede como o juazeiro, eretos, varonis e sempre cheios de fé, tanto mais eretos, mais varonis e mais cheios de fé quanto mais cresçam as dores, e aumentem as provações e se multipliquem as dificuldades!

Meu olhar se espraia pelos largos horizontes da Pátria e avista as negras nuvens que ficaram para trás, e os nimbos escuros que se adensam à nossa frente. A complexidade dos problemas nacionais desafia o esforço da geração nova. Na vasta planície lamacenta dos preconceitos e da inércia, das chatices e dos conchavos pessoais, os moços idealistas, ainda não contaminados pelas baixezas do ambiente, são os úteis e heroicos juazeiros verdes em que residem as derradeiras esperanças do Brasil, moços de hoje, homens de amanhã, construtores da futura sociedade.

Unicamente vós podereis opor barreiras intransponíveis ao alude das maiorias incapazes e aos assaltos das minorias estéreis que guerreiam a arte e a ciência, que combatem os mais altos, nobres e sagrados ideais humanos, pretendendo reduzir o panorama das pátrias a pântanos peçonhentos ou monótonas estepes moscovitas. Somente a mocidade poderá salvar o mundo.

Falo-vos com o coração, do meio do caminho de minha vida, em que não pratiquei um ato de que me possa envergonhar. Falo-vos com a convicção duma doutrina e com a força dum idealismo construtor. São já demasiadas as ruínas que enchem a superfície da terra. Antes de descer a ladeira sombria da montanha que trabalhosamente subi, sorrio de prazer, porque avisto por cima da paisagem causticada de sol, agitados ao vento da manhã radiosa, os verdes e gloriosos estandartes da mocidade!

(Transcrito na íntegra da página 07 até a 12 do Livro “O Integralismo em Marcha”. 1. ed. Rio de Janeiro: Schmidt, Editor.  1933.)

FONTE: http://integralismo.blogspot.com.br/2013/03/carta-mocidade-brasileira.html